Eu sou uma pessoa de fé. Sou uma pessoa da esperança: tenho-a no coração. Acredito muito, com muita força, que ainda há esperança. E que ainda podemos (e devemos) ser essa esperança, quando não a vemos à nossa volta. Acredito muito, com muita força, nas coisas bonitas: as coisas do coração. Acredito muito, com muita força, em tatuar o mundo com amor. É isso: sou uma pessoa do amor. Dos afectos. Dos sorrisos e de fazer sorrir. De viver e de ser com o coração. Sou.
Mas, às vezes, eu também tenho medo. Às vezes, muitas vezes, tenho medo. Às vezes, tenho medo maior do que eu, eu que não sou tão grande assim. Tenho medo quando sinto o (meu) mundo estremecer, quando os pilares que o (me) seguram fraquejam, ou quando eu não sei o que está para vir.
Às vezes, eu também tenho medo. E, nessas vezes (e em todas as vezes), eu só quero um abraço que me abrigue de tudo, uma mão que me segure e que me acompanhe (para) sempre, um colo que me serene o coração, um amparo que nunca, de verdade, me desampare. Um refúgio onde (re)pousar a vida e ficar.
Este não é um texto triste. Este é só um texto para te dizer (e para me dizer): às vezes, eu também tenho medo. Eu, que sou uma pessoa que ainda acredita. Que ainda acredita muito, com muita força. Às vezes (e muitas vezes), eu também tenho medo. Está tudo bem. Um abraço para ti. E para mim. 🤍
Ontem fui levar-te uma flor. Ao teu cantinho, aquele onde te deixámos quando foste morar para o céu. Gosto sempre de passar por lá, embora saiba que já não é ali que estás, quase parece que me sinto mais perto de ti. Ou que te sinto mais perto de nós, aqui.
Levei-te uma flor e falei-te. (Se calhar devia falar-te mais vezes... Desculpa, que as palavras ainda me fogem, eu que sou das palavras...)
Levei-te uma flor. E, no preciso momento em que eu estava a chegar perto de ti, ecoaram o teu nome em voz alta, daquele lugar onde rezamos pelas pessoas de quem sentimos saudades para sempre.
Um abraço para te abrigar. Para ser refúgio à alma, ao coração. Para te envolver. Tanto. Sempre.
Uma mão para te segurar. Para não te largar. Para te amparar, para te acompanhar, para te confortar.
Um olhar para te sentir. Para te olhar e saber ver-te de verdade: com tudo o que és. Para te olhar a alma.
Um sorriso para te abraçar. Para te tocar o coração. Para te fazer sorrir, sempre mais uma vez.
Um colo para te guardar. Para ser aconchego, onde repousar. Para te ajudar a serenar.
Uma palavra para te falar com amor. Um silêncio para te falar de amor. Para te compreender o coração, com o coração.
Um gesto de ternura para te curar. Para acender em ti a chama da esperança. Para te tatuar só com amor.
Alguém para te querer bem. Para te ser. De verdade. Para te recordar que, faça chuva ou faça sol, vai estar sempre perto de ti.
Um pedacinho de amor para te salvar. Para ser sol nos dias cinzentos, luz na escuridão, paz na tempestade. Para te mostrar (e ser) o lado bom, a parte bonita. Do mundo. Da vida. De tudo.
*
Que nunca te falte.
Que nunca o deixes faltar, também.
***
(Um abraço para ti: é também o nome deste espaço. Que este possa sempre ser um lugar disto mesmo. Um lugar que (te-me-nos) abrace.)
Vivemos apressados, nesta correria dos dias, da vida, do coração. Atropelamo-nos uns aos outros (e a nós), quase sem reparar. É isso: quase nem reparamos. Uns nos outros. Em nós. E nas coisas bonitas que nos acontecem todos os dias.
Às vezes, basta um instante. O instante em que nos permitimos parar. Serenar toda a correria. Silenciar todo o ruído, por dentro e por fora. Para respirar, para sentir, para ver com o coração. O instante em que nos permitimos parar e em que nos deixamos tocar. Por aquele abraço que é abrigo. Por aquelas mãos que seguram. Por aquele olhar de alma. Por aquele sorriso que abraça. Por aquele beijo que cura. Por aquele gesto de bondade. Por aquelas pessoas que são nossas. Por aquele amor que salva.
E é ali. É naquele instante em que nos permitimos parar e em que nos deixamos tocar, que descobrimos as coisas mais bonitas. Que descobrimos tudo o que importa. E a verdade é esta: não há correria nenhuma no mundo que compense este milagre a acontecer.