O Natal aconteceu-me.
O Natal aconteceu-me.
O Natal aconteceu-me naquela tradição de cozinha que (ainda) não se perdeu.
O Natal aconteceu-me naquelas mãos que guardaram as minhas dentro só para as aquecer.
O Natal aconteceu-me naquela cumplicidade feita de sorrisos e de olhos a brilhar, mesmo para fazer malandrices.
O Natal aconteceu-me naquelas brincadeiras de sempre, só para me fazer rir mais uma vez.
O Natal aconteceu-me à meia-noite, enquanto rezava e pedia que a esperança me (nos) renascesse no coração.
O Natal aconteceu-me naquela mão que procurou a minha, por instantes e de surpresa, como quem procurava mandar embora as nuvens cinzentas.
O Natal aconteceu-me naquele “vim só dar-te um abraço, não tenho mais nada para te dar”, sem saber que isso, para mim, é dar-me tudo.
O Natal aconteceu-me num ou outro olhar que me olhou e me sorriu.
O Natal aconteceu-me numa ou outra palavra que me abraçou.
O Natal aconteceu-me sempre em gestos de amor.
*
O Natal aconteceu-me.
Que o Natal continue a acontecer-nos e que nos fique para sempre.
Que nos renasça a esperança no coração, sempre mais uma vez.
Que ela nos envolva e nos conforte.
Que nunca nos falte.
E que nunca a deixemos faltar, também.