Eu sou uma pessoa de fé. Sou uma pessoa da esperança: tenho-a no coração. Acredito muito, com muita força, que ainda há esperança. E que ainda podemos (e devemos) ser essa esperança, quando não a vemos à nossa volta. Acredito muito, com muita força, nas coisas bonitas: as coisas do coração. Acredito muito, com muita força, em tatuar o mundo com amor. É isso: sou uma pessoa do amor. Dos afectos. Dos sorrisos e de fazer sorrir. De viver e de ser com o coração. Sou.
Mas, às vezes, eu também tenho medo. Às vezes, muitas vezes, tenho medo. Às vezes, tenho medo maior do que eu, eu que não sou tão grande assim. Tenho medo quando sinto o (meu) mundo estremecer, quando os pilares que o (me) seguram fraquejam, ou quando eu não sei o que está para vir.
Às vezes, eu também tenho medo. E, nessas vezes (e em todas as vezes), eu só quero um abraço que me abrigue de tudo, uma mão que me segure e que me acompanhe (para) sempre, um colo que me serene o coração, um amparo que nunca, de verdade, me desampare. Um refúgio onde (re)pousar a vida e ficar.
Este não é um texto triste. Este é só um texto para te dizer (e para me dizer): às vezes, eu também tenho medo. Eu, que sou uma pessoa que ainda acredita. Que ainda acredita muito, com muita força. Às vezes (e muitas vezes), eu também tenho medo. Está tudo bem. Um abraço para ti. E para mim. 🤍
Às vezes, é só um abraço que seja porto de abrigo. Que nos refugie do mundo. De tudo. Que seja lugar seguro para onde podemos sempre correr, para onde podemos sempre voltar. Que seja sempre nosso lugar.
Às vezes, é só um aconchego que nos abrace a alma, que nos abrace o coração. Que seja colo. Que nos guarde. Que nos serene. Que seja guarida onde podemos descansar, onde podemos respirar.
Às vezes, é só uma mão que nos segure com a certeza de que não nos vai largar. Que nos acompanhe, faça chuva ou faça sol. Que seja amparo. Que nos conforte. Que nos faça sentir que vai ficar tudo bem.
Às vezes, é só um olhar que nos olhe a alma. Que nos veja de verdade: por dentro do que somos. Que nos sinta. Que nos olhe como quem nos envolve. Que nos compreenda o coração, sem ser preciso falar.
Às vezes, é só um sorriso do coração, que sorria como quem abraça. Que nos toque. Que nos acenda a chama da esperança no coração. Que torne tudo melhor. Que nos faça sorrir de volta.
Às vezes, é só alguém que nos queira bem. De verdade. Que esteja, que fique, que se importe. Que nos olhe nos olhos e nos faça sentir, mesmo sem dizer, que não estamos sós. Que nos seja. Tanto e sempre.
Ontem fui levar-te uma flor. Ao teu cantinho, aquele onde te deixámos quando foste morar para o céu. Gosto sempre de passar por lá, embora saiba que já não é ali que estás, quase parece que me sinto mais perto de ti. Ou que te sinto mais perto de nós, aqui.
Levei-te uma flor e falei-te. (Se calhar devia falar-te mais vezes... Desculpa, que as palavras ainda me fogem, eu que sou das palavras...)
Levei-te uma flor. E, no preciso momento em que eu estava a chegar perto de ti, ecoaram o teu nome em voz alta, daquele lugar onde rezamos pelas pessoas de quem sentimos saudades para sempre.