Por mais que, às vezes, tentem mostrar-te que não. Por mais que, às vezes, tentem fazer-te sentir e acreditar que não. Por mais que, às vezes, (quase) consigam.
Ainda há coisas boas, sabes?
Os abraços que te abrigam. As mãos que se dão às tuas (para) sempre. Os olhos que olham dentro dos teus. Os sorrisos que te abraçam o coração. Os beijos que te curam a alma. Os colos que te cuidam. Os "gosto de ti" do coração. As palavras que te falam com amor. Os silêncios que te escutam com amor. Ouvir (e sentir) o coração bater. Os risos que te contagiam. Os olhos a brilhar. A magia do céu cheio de estrelas. Os momentos que se imortalizam. Os gestos que te salvam. E que te fazem sorrir. As tuas pessoas. Os corações que tatuas com a tua vida. As vidas que te tatuam o coração. Viveres e seres, sempre, com o coração. Viveres e seres, sempre, com amor. No final é (só) isto: o amor.
Ainda há coisas boas, sabes?
Talvez, às vezes, possa parecer que não. Mas deixa-me contar-te uma coisa: talvez seja nessas vezes (e em todas as vezes) que nós precisamos sê-las. Ser essas coisas boas. Fazê-las existir, ser verdade.
E talvez seja nessas vezes (e em todas as vezes) que elas nos salvam. Essas coisas boas. Às vezes, tão despercebidas. Às vezes, tão à vista. Mas sempre, sempre, vestidas de amor.
Ainda há coisas boas, sabes?
Mostra-as. Vive-as. Sê-as. Todos os dias. E nunca te esqueças delas, por favor.
Há olhos que, depois de nos olharem, nos ficam tatuados na alma. Como se nos inundassem, como se nos roubassem para sempre.
Há sorrisos que, depois de nos sorrirem, nos ficam tatuados no coração. Como se nos sentissem, como se nos gostassem para sempre.
Há mãos que, depois de nos tocarem, nos ficam tatuadas na pele. Como se nos ancorassem, como se lhes pertencêssemos para sempre.
Há abraços que, depois de nos abraçarem, nos ficam tatuados em tudo o que somos. Como se nos como se nos envolvessem, como se nos morassem para sempre.
Há coisas que são para sempre, mesmo depois de serem. Não me digam que para sempre não existe. Ou digam, tanto faz. Eu não acredito.
Chego, no meio das pessoas que passam, apressadas, na correria do dia, da vida. Do coração. Olho à minha volta. Há pessoas que conversam. Outras, sozinhas, apenas esperam.
À minha frente, alguém, de costas para mim, vai limpando o rosto. Há lágrimas que teimam em aparecer sem escolher quando nem onde. Ela, sozinha, enquanto espera (ou desespera), vai limpando as lágrimas que teimam em cair.
O metro chega. Entramos as duas. Eu fico junto à porta, ela procura um lugar mais isolado. Talvez só precise de um abrigo. Há silêncio. Pessoas que quase não se olham. Não se vêem. Não escutam o pedido de um abraço dos corações que, muitas vezes, têm ao seu lado. Precisamos tanto de reparar, não precisamos?
A viagem chega ao fim. Ela aproxima-se de mim para sair. Saímos as duas e, enquanto saímos, eu estendo-lhe um post-it. Ela hesita, durante instantes, e aceita-o.
"O teu sorriso é a melhor parte do dia de alguém", lê. Ela, de olhos brilhantes, solta um ligeiro sorriso. Eu sorrio-lhe de volta e sigo o meu caminho, de coração abraçado.
Às vezes, um ligeiro sorriso de um coração que dói, salva o nosso dia também.
É isto: a vida torna-se bonita pelo amor que se vai deixando pelo caminho. E encontrando também.
Pode até nem parecer nada. Mas, às vezes, pode ser tanto. Pode ser tudo. Para alguém. E para nós também.
Que, neste Natal, mais do que tudo, sejas. Sejas de verdade.
*
Que, neste Natal, sejas o abraço que refugia.
Que, neste Natal, sejas o sorriso que abraça.
Que, neste Natal, sejas a mão que segura.
Que, neste Natal, sejas o olhar que toca.
Que, neste Natal, sejas a ternura que cura.
Que, neste Natal, sejas o colo que cuida.
Que, neste Natal, sejas a palavra que fala do coração, ao coração.
Que, neste Natal, sejas a presença que conforta.
Que, neste Natal, sejas o gesto que salva.
Que, neste Natal, sejas a vida que ama.
*
Que, neste Natal, sejas a luz que acende todas as estrelas. A luz que acende a chama da esperança.
Que, neste Natal, sejas a paz que abraça a alma. A paz que serena o coração.
Que, neste Natal, sejas o lado bom, a parte bonita. Do dia, da vida, do mundo. Para alguém.
*
Que sejas o milagre de Natal de alguém. Que faças sorrir. Só por seres, por estares, por existires. Com amor.
*
Que, neste Natal, mais do que tudo, sejas amor.
*
Talvez descubras que é tudo o que importa. E talvez descubras que o verdadeiro sentido do Natal (e de tudo) é continuar a sê-lo, todos os dias. Sempre. E a encontrá-lo também.
Às vezes, também precisamos de um abraço que seja porto de abrigo. Que nos esconda dos medos. De tudo. Que seja lugar seguro para onde podemos sempre correr, para onde podemos sempre voltar.
Às vezes, também precisamos de um aconchego que nos abrace o coração, que nos abrace a alma. Que seja colo. Que nos guarde. Que nos apazigue. Que nos ajude a respirar.
Às vezes, também precisamos de uma mão que nos segure com a certeza de que não nos vai largar. Que nos acompanhe. Que seja amparo, faça chuva ou faça sol. Que seja força. Que seja alento.
Às vezes, também precisamos de um olhar que nos olhe a alma. Que nos veja de verdade: por dentro do que somos. Que nos leia as palavras, os gestos e os silêncios. Que nos compreenda o coração, sem ser preciso falar.
Às vezes, também precisamos de um sorriso do coração. Que nos conforte. Que nos faça sentir que vai ficar tudo bem. E que, enquanto não ficar, nos faça sentir que não estamos sozinhos. Que nos dê esperança.
Às vezes, também precisamos de alguém que nos faça sorrir. Que nos queira bem. De verdade. Que esteja, que fique, que se importe. Que nos mostre o lado mais bonito. Do dia, da vida, do mundo. De tudo.
Às vezes, também precisamos de amor. Todas as vezes.
Às vezes (e em todas as vezes), é só o amor. É sempre o amor. Que nos cura. Que nos salva.